quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ratos

Não vou escrever sobre mim, vou escrever um pequeno apontamento do que, um dia, pensei ser …

Um dia, longínquo, achei que podia saber-te, sem quantificar, sabia-te. Sabia-te as reacções, sabia-te as vontades, sabia-te os olhares, sabia-te …

O que eu não sabia era que o que eu sabia não era aquilo que genuinamente tu eras, eu sabia-te aquilo que no momento era para saber. O que estava para lá do palco, o que escondias nos bastidores. Isso?! Isso eu não sabia… Não abona a meu favor não saber o que estava para além da personagem que via, não abona porque era um não saber, que, embora inusitado era extremamente consciente. Digo-o sem pressão, não sabia porque não queria saber. Não me era agradável saber, não fiz um único esforço para saber … e não soube até ao dia.

Nesse miserável dia soube tudo, nunca na vida aprendi estenografia e até por essa via me foi dado a conhecer, fiz, em segundos, autênticos tratados de interpretação em LGP, engoli algumas Larousse’s instantaneamente … Doeu??
A verdade dói, as vezes …
Doeu. Doeu muito, mas foi uma dor saudável, trouxe-me saúde, vontade, motivação, estabilizou-me … fez-me acreditar … em mim!
Já me tinha esquecido que isso existia, acreditava em ti e isso parecia chegar. Não chegava, nem para começar …


Lembrei-me disto hoje só porque aquele que me amparou a queda está hoje em queda livre, e consigo sentir por isso o calor da areia quente do deserto nos pés, não é por ti é por ele, ele é que foi o guerreiro, agarrou numa guerra perdida e arrebatou a vitória, sozinho … eu não o ajudei um único minuto, ele sozinho pensava, perguntava, respondia e agia. Ainda hoje, por telefone, lhe disse o que me repetiu vezes sem conta e que me fazia esboçar um sorriso “ então mas somos homens ou somos ratos! Ah se apanho um rato esventro-o, filho da puta!”

Admirável criatura … Continuo a adorar os teus momentos de fúria … mesmo em situações de extrema angustia fazem-me rir, e não é um riso nervoso, é rir de rir de achar graça, uma patética graça, mas uma patética graça cheia de tudo, porque essa é a tua forma de dar tudo!
E foi nesse miserável e longínquo dia que através de outros olhos que eram os meus mas desta feita ABERTOS eu vi que o que num outro dia pensei ser, afinal não era, e ainda bem que não era!


Sabes que a rede que está por baixo tem força não sabes, vá atira-te sem medos!
Estamos cá para isso. Somos o que afinal??






Para ti porque a tocas e cantas soberbamente

7 comentários:

Anónimo disse...

admiravel dedicatória kida!

lol eu fiz o mesmo ainda q de outra forma n tão elaborada... mas as palavras, serão entendidas perfeitamente a quem "pertencem"... ;)

grande mussica essa!
beijokas

Ness Xpress disse...

O grande jogo, aquele que muitos de nós ambicionam jogar, não admite espreitadelas atrás do palco. Perde todo o interesse quando a isso obriga sem ser por pura brincadeira.

Deixa-nos à mercê de várias espécies de animais menos agradáveis, alguns de mordida bem dolorosa, mas não nos podemos penitenciar por ter jogado. Simplesmente porque queremos viver.

A recuperação pode ser lenta, mas a perseverança recompensa :)

FacAfiada disse...

Sofia,
Sim é uma dedicatória e nem por isso está elaborada. Obrigada!

A música é ... qualquer coisa especial ...

Bjs

FacAfiada disse...

Ness,
Jogo é jogo, e ou se está disposto a respeitar as regras ou se não se está ... pode correr mal, muito mal!

recompensa sim ...

Francisco Sequeira disse...

Tu é que és verdadeira(mente) admiravel!
Já te disse hoje que gosto muito de te ler?


Beijo

Santo PC disse...

Que te digo eu nestas situações??

Lixas-me as capacidades! FDX

Santo PC disse...

Soberbamente.
FDX, lixas-me!

(fazes-me voltar depois, refeito do tralho!)

V_P_C